sábado, 29 de novembro de 2008

O Cheiro do Ralo


Filme: O Cheiro do Ralo (2007)
112 minutos - Comédia 
Roteiro: Marçal Aquino e Heitor Dhalia
(baseado em livro de Lourenço Mutarelli)
Direção: Heitor Dhalia 

Começo essa resenha ainda em dúvida. Afinal, O Cheiro do Ralo é o filme mais absurdo e ridículo que eu já assisti, ou é uma grande sacada de sensibilidade marcada por uma atuação brilhante de um ator que cresce a olhos vistos? Acho que a dúvida não será sanada muito facilmente.

O Cheiro do Ralo é protagonizado pelo ator com maior atuação no cinema brasileiro: Selton Mello. E um ator que cresce a olhos vistos. Lembro-me que em Lavoura Arcaica mal se podia entender o que ele dizia (aliás, parecia um filme de um ator só, porque o Selton sibilava, a Simone Spoladori entrava muda e saía calada e só o Raul Cortez falava em alto e bom som e roubava a cena) e hoje ele é capaz de manipular as atenções e a cabeça do espectador, dando piruetas em cena.

Eu comecei em dúvidas, mas depois que eu dei um tempo matutando o filme (hoje é 15 de dezembro), entendi.

Você já parou pra pensar sobre os ralos que te rodeiam? A pia da cozinha, o ralo do chuveiro, a pia do banheiro, o ralo da área de serviço. Você não pensa sobre eles, certo? E, no entanto, eles são imprescindíveis. Sem eles a coisa não anda, você acaba ficando entalado. E quando eles não funcionam bem, trazem de volta aquilo que deveria ter sido expelido, excretado. E não queremos ver de novo nada do que é excretado. Só que o que entope o ralo sai de nós mesmos, é obra nossa e muito nos incomoda que não possamos sempre nos livrar disso, sem que precisemos pensar a respeito ou sequer tomar conhecimento de que aquilo existe. Afinal, independente do que vai para o ralo, a superfície continua plácida e aparentemente limpa, não é mesmo?

Mas quando o ralo entope ou fede, somos obrigados a pensar naquilo. No que jogamos fora, no que fazemos de portas fechadas e que não deve ser presenciado por outras pessoas, no que é reprovável, no que nos causa repugnância. E não pense você que não há nada na sua vida que seja repugnante. Todos temos esse aspecto, mesmo que seja inconscientemente. Apenas uns têm mais o que jogar no ralo do que outros. Apenas alguns se deixam tomar pelo que era pra ser jogado pelo ralo e deixado de lado.

O cheiro do ralo mostra isso. De um jeito inusitado, cômico, forte. Que prende o espectador e muitas vezes dá um nó na cabeça dele. Mas se você puder pensar direitinho, vai entender o filme. Vai entender que gostou muito dele. E vai entender que, longe de ser ridículo, é um dos filmes mais bem sacados que você já viu.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CAOS

Filme: Chaos (2006)
106 minutos - Ação
Canadá / Inglaterra / EUA
Roteiro e direção: Tony Giglio

Então, minha gente. O filme de domingo que ensejou a criação deste blog era Tin Man, que a gente acabou não assistindo por absoluta falta de indicação se valia a pena ou não. Aí acabamos assistindo Caos e assim esta é a resenha de estréia. Vamos lá.

Caos é aquele tipo de filme que tem tudo pra ser ótimo e acaba se mostrando uma decepção. Aliás, se eu tivesse que definir o filme com uma só frase, eu diria que é o exemplo perfeito de como um roteiro e uma direção ruins unidas a um elenco fraco podem destruir uma boa idéia. Você conhece a Teoria do Caos, certo? Aquela coisa de que "eventos aleatórios produzem reações aleatórias" e Efeito Borboleta e coisa e tal. Caos trabalha com essa idéia. Mais ainda, ele trabalha em cima do conceito de que eventos encadeados num determinado sentido podem estar encobrindo outros eventos inesperados. O que significa isso? Que o filme é cheio de reviravoltas. Ué, mas isso é uma coisa boa, não é? Aliás, se você for pesquisar as opiniões do pessoal no adorocinema, vai ver que todo mundo adorou o filme e achou surpreendente. Ok, meu amado namorado também acha que é e eu respeito muito a opinião dele. Mas então qual é o meu problema? Eu sou xarope? Ok, isso também é meio verdade, mas não é por aí. Sabe quando uma coisa não convence? Sabe quando o mocinho é inexpressivo, o bandido é canastrão, os personagens não têm profundidade suficiente, as coisas são mal explicadas numa tentativa de ousadia e dinamismo que não dão certo, os diálogos não são necessariamente nem bons nem originais e ainda por cima você percebe que a direção não é lá "essas coca-colas"? Pois é este o meu problema com este filme. Ele é movimentado, pretensamente inteligente, tem sua dose de tiros e explosões, mas pelo menos não toca hip-hop (graças a Deus). Todos os policiais são atingidos de raspão no mesmo lugar no braço por uma bala sempre mal mirada pelo bandido. Um bandido, aliás, que passa o filme inteiro vestido de preto, entrando e saindo dos lugares com um falso ar de misterioso, usando um chapeuzinho preto absolutamente ridículo.

A coisa toda começa num assalto a banco comandado por um bandido mauzão que manda chamar um policial durão que está suspenso por mal comportamento. Aí aparece o policial mocinho bonitinho pra ser parceiro do policial durão e só ele tem sensibilidade o suficiente pra notar que tem alguma coisa a mais ali. As investigações se desenrolam, gente morre, gente é baleada, dinheiro vai pra lá, dinheiro vem pra cá, oh! uma surpresa aqui e outra acolá e o final...adivinhe? Não, sem finais felizes, ainda bem. Conclusão? A idéia era boa, mas foi mal executada. Pegaram a teoria do caos e torceram que nem massa de biscoito pra se encaixar na história, dando um ar indisfarçável de coisa forçada. Se quiser ver um filme de ação razoavelzinho com algumas reviravoltas, vá em frente, assista a CAOS. Vá sem expectativas (talvez este tenha sido o meu problema maior) e talvez você possa se surpreender.

Um blog de utilidade pública


Domingo estava eu na casa de amigos, com uma pilha de filmes na minha frente pra decidir qual assistiríamos. Sabe quando você pega a caixa do dvd, olha e os atores não te dizem nada? Aí você vira a caixa e lê a sinopse e ela continua não te dizendo nada? O que é que a gente faz nessas horas, hein? Corre pro google. 

MAS E QUANDO NENHUM FILHO DE DEUS SE PRESTOU A RESENHAR DECENTEMENTE A PORRA DO FILME PRA TE DAR UMA LUZ????

Depois de fazer igual ao Seu Madruga, resolvi criar esse blog como uma espécie de utilidade pública. A partir de agora, eu me sacrificarei. Não importa o quanto eu deteste o filme, vou sentar aqui e dar uma dica pras pessoas perdidas como eu estive no domingo. Porque aí, se decidirem assistir a uma bomba de filme, pelo menos não vão poder dizer que eu não avisei.

Ah, e antes que eu me esqueça: em vez de usar estrelinhas douradas, resolvi copiar descaradamente os bonequinhos do Blog do Bonequinho do Jornal O Globo pra fazer a classificação dos filmes aqui no Cinema Lato (Cine Malato?). Afinal, vai dizer que eles não são foda?




Sejam bem vindos!

 
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